Eliani Gracez- Psicanalista
Freud é considerado o pai da
psicanálise pela descoberta do inconsciente, mas foi com Jung, discípulo de
Freud, que a psicanálise começou a pensar a si mesma proporcionando grandes
avanços no autoconhecimento. Freud e Jung divergiram em suas ideias, Freud criou
uma linha de teorias de origem sexual onde o psiquismo é escravo de seus
desejos e pulsões causadas por instintos primitivos e de origem inconsciente.
Uma linha pessoal de conteúdos reprimidos e recalcados de forma inconsciente. Jung
criou a psicologia analítica e seguiu uma linha transpessoal, considerada por
Freud uma linha voltada ao ocultismo, abominada por Freud. Jung se inspirou na
cultura, nas artes, na poesia, nas esculturas, nos escritores e na coletividade
humana, e seu poder criador. Para Jung, na libido está o poder criativo,
ampliando assim o campo de visão delimitado por seu mestre. Jung percebeu na
coletividade aquilo que ele chamou de inconsciente coletivo com resquícios de
memórias ancestrais, uma herança humana, que hoje poderia ser chamada de
herança genética, que compõe aquilo que ele denominou de arquétipos. Muito da
estrutura humana é uma herança dos ancestrais, adaptada ao tempo, mas sem
perder a raiz da ancestralidade. Jung introduziu em seus estudos aquilo que foi
chamado de experiências paranormais e estados alterados da consciência,
dissociação, personalidades secundárias, enfrentamento com o luto etc. Embora tudo isso seja raramente estudado na psicologia e na psicanálise, seja por preconceito entre os próprios psicanalistas ou por não saber como lidar com o tema, ou ainda, por medo do enfrentamento com o oculto. A crença
na imortalidade da alma e em uma vida após morte contribuíram para estes
estudos. Embora
a mediunidade recebesse uma abordagem científica somente no final do século XX, ela já
era estudada na antiguidade pelos egípcios na obra intitulada O livro dos mortos e pelos tibetanos em
o Livro tibetano dos mortos. Estes
livros tornara-se a base dos estudos da mediunidade. Em 1882, em Londres, fundou-se a Society for Psychical Research, na
universidade de Cambrige, para estudos da mediunidade, do qual Jung chegou a participar. Posteriormente, investigações sobre o
assunto foram retomadas em pesquisas sobre a natureza da consciência e a
relação mente e corpo.