domingo, 24 de fevereiro de 2019

DEMOCRACIA, UMA MÃE QUE ACOLHE SEU FILHO


Eliani Gracez –  Psicanalista

Segundo Humberto Maturana e Gerda Verden-Zoller, hoje em dia muitas nações declaram a democracia como forma preferida de governo. No entanto, a prática da democracia como sendo uma coexistência com respeito mútuo permanece somente como um mero desejo literário. Trata-se apenas de discurso vazio de conteúdo para confundir pessoas desatentas e conseguir o poder político. O emocionar do discurso muitas vezes esconde o controle do comportamento do outro. Tais conversações se ocultam, muitas vezes, atrás de argumentos de justiça. A democracia nasce quando nasce um acordo entre os membros de uma sociedade. Conversações que estimulam a legitimidade da competição não passam de resquícios de uma sociedade patriarcal que visa o domínio sobre o outro e um estímulo a inimizade para fomentar a competição e o lucro. Em um mundo democrático existe a cooperação e o compartilhar. Portanto, o emocionar do discurso democrático deveria ser a ação de uma distribuição participativa. Para Maturana, o conceito de democracia atual vem do patriarcado que buscava o poder. Parafraseando Oscar Wild, por trás do bem reside a essência do mal. Do discurso a ação existe uma longa caminhada. No livro Amar e Brincar fundamentos esquecidos do humano, de autoria de Humberto Maturana e Gerda Verden-Zöller, os autores fazem um exame dos fundamentos da democracia. Maturana e Verden-Zöller veem a democracia como uma forma de convivência entre adultos que tenham vivido na infância a aceitação materna. Um conceito de mãe que acolhe seus filhos que na fase adulta, de fato, não somente em teoria, praticam a paz e o bem democrático. A democracia como nós a temos hoje é uma negação da vida e da dignidade centrada na apropriação do controle para manter o poder. Um patriarcado repaginado, um sistema artificial de convivência social com justificativas racionais. Isso porque a razão serve a dois senhores, o senhor do bem e o senhor do mal.



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