Para Martin Heidegger, antes de um objeto ser objeto, antes de uma obra
ser obra, antes de um utensílio ser utensílio, todos são “coisa”. A coisa é a
essência dos objetos e utensílios. A sociedade ainda machista vê a mulher como
coisa, utensílio, objeto que possui uma essência de coisa. Devido a uma
evolução tecnológica e não a uma evolução da consciência, a mulher ainda é
considerada como sendo um objeto, um utensílio, uma coisa. Onde o homem decide
em qual móvel, ou lugar da casa ele vai colocar a tal coisa. A coisa
normalmente é colocada em um lugar que dê satisfação ao homem. Mas Heidegger, em sua obra Ser e Tempo, pergunta pelo sentido do
Ser. A mulher não é um objeto ou um utensílio, mulheres e homens são entes onde
se manifesta o Ser no mundo. A pergunta que não quer calar é qual é o Ser da
mulher para em um próximo passo ter a consciência desse Ser-aí-no-mundo. Para
compreender o Ser, segundo Heidegger, é preciso olhar a existência e não o
espírito. O Ser está no existencialismo, está na vida, está no mundo. E assim,
na existência está o Ser da mulher. A mulher se faz e se refaz, muitos tentaram
coisificá-la, mas como ela não é coisa, o Ser feminino persistiu aí no mundo
como algo em construção. Cada época tentou aniquilar com a mulher, mas todos
falharam porque ela sabe se reinventar, a mulher sabe que ela é um Ser em
construção, um Ser em processo, e por isso aprende e se renova a cada tentativa
de derrubá-la. Não é possível separar o
ente de seu Ser, cada mulher é um ente que carrega seu Ser, e não um objeto que
carrega uma essência, a coisa. Cada homem que maltrata e mata uma mulher, não
mata uma coisa, mata um Ser-no-mundo. Nascemos com uma vagina, mas, sobretudo
trazemos um Ser de feminilidade, gestos delicados e atitudes fortes, um Ser de
vontade. Um Ser que pinta seu rosto sem com isso ser vaidade. A vaidade está em
quem se julga superior a mulher. Quanta vaidade! Nos dias de hoje, onde se fala
tanto em resistência, a mulher é o símbolo da resistência sobre o planeta.
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