Adriana C Mendes
Personalidade é um tema complexo.
Conceituá-la de modo útil e compreensivo é uma difícil tarefa para os
estudiosos do assunto. Sabemos que não há duas personalidades idênticas como
não existem duas pessoas idênticas, embora muitas pessoas possuam traços em
comum. A personalidade é temporal, pertence a uma pessoa que nasce, vive e
morre. Personalidade é a resultante psicofísica da interação da hereditariedade
com o meio.
O desenvolvimento da personalidade
está intimamente associado ao desenvolvimento físico. Entretanto, as pessoas
tendem dissociar o psíquico do físico, supervalorizando funções psíquicas como,
por exemplo, a afetividade e subestimando funções físicas como, por exemplo, a
excreção. Sabe-se, porém, que as primeiras motivações e ansiedades do ser
humano estão ligadas aos processos fisiológicos.
Seja qual for a fase do
desenvolvimento, a personalidade apoia-se na estrutura física do indivíduo, a
qual chamamos constituição. Nesta há um conjunto de características individuais
hereditárias que podem ou não se desenvolver nas interações com o meio. A este
conjunto dá-se o nome de genótipo. Por outro lado, existem características
individuais adquiridas basicamente por influência do meio e que no conjunto são
chamadas de parátipo.
Entretanto, quando se observa uma
pessoa, ela apresenta-se com sua estrutura fenotípica que é o resultado da
integração genótipo- parátipo. Sem aprofundar o significado dos conceitos
acima, por analogia, podemos relacionar, no plano psicológico, temperamento com genótipo, carácter com
parátipo e personalidade com fenótipo.
Temperamento é
a tendência herdada do indivíduo para reagir ao meio de maneira peculiar.
Assim, desde o nascimento, entre os indivíduos verificam-se diferentes limiares
de sensibilidade. Frente aos estímulos internos ou externos, diferenças no tom
afetivo predominante, variações no ritmo, intensidade e periodicidade dos
fenómenos neurovegetativos (que funciona involuntariamente ou
inconscientemente).
Carácter é o conjunto de formas
comportamentais mais elaboradas e determinadas pelas influências ambientais,
sociais e culturais, que o indivíduo usa para adaptar-se ao meio.
Ao contrário do temperamento, o carácter é predominante volitivo
(depende da vontade) e intencional. Entretanto, de modo geral, temperamento e
carácter estão intimamente associados, podendo estar tão imbricados que se
torna difícil sua distinção.
Portanto Personalidade é a interação dos aspectos físicos, temperamentais e
características. A personalidade vem da palavra latina persona, que se refere à
máscara utilizada pelos atores em uma peça de teatro. Nesse sentido, podemos
perceber como persona se refere à aparência externa que mostramos a quem nos
rodeia.
Se pensarmos um pouco, vamos perceber
que de fato usamos algumas máscaras na nossa vida, ou seja, dependendo do
momento e das pessoas que estão conosco, utilizamos máscaras diferentes.
Imaginemo-nos em um parque de diversões com nossos primos; nossa tendência é
brincar no maior número de brinquedos, rir bastante e lembrar dos tempos da infância.
Agora, Imaginemo-nos no primeiro dia
do estágio, aquele frio na barriga... tendemos a nos comportar da maneira mais
formal e respeitosa possível, ou seja, bem diferente do primeiro exemplo,
porque nós sabemos que no ambiente profissional as expectativas em relação ao
nosso desempenho são referentes à nossa carreira profissional, enquanto no
parque de diversões as expectativas são de lazer.
Mesmo compreendendo que a nossa
personalidade diz respeito às características externas e visíveis, podemos
questionar sobre as nossas atitudes mais íntimas, nossos pensamentos secretos,
sonhos, desejos, fantasias, enfim nosso “eu” mais profundo e desconhecido pelos
outros e até mesmo por nós mesmos. Com certeza, nossa personalidade também
engloba tudo o que as outras pessoas não veem e nem nós conhecemos em alguns
momentos. Por exemplo, já aconteceu de você ficar surpreso com algo que você
fez e nunca imaginou ter coragem de fazer antes ou sequer pensava ser capaz de
fazer, como uma declaração de amor em público.
Escolher um único conceito para
personalidade não é suficiente para expressar o que de fato a compõe, pois
muitos autores já tentaram definir essa palavra e o fizeram de diferentes
maneiras. Existem teorias que se assemelham e outras que diferem em relação ao
estudo da personalidade, mas independente da teoria escolhida, todas concordam
que existem princípios que norteiam os mais diferentes conceitos de
personalidade. A seguir, temos os princípios:
Princípio da globalidade:
Personalidade é tudo que nós somos, ou seja, elementos inatos, adquiridos,
orgânicos e sociais. Princípio social: Todas as pessoas necessitam de convívio
social, ou melhor, interagir com outras pessoas. Mesmo as pessoas mais tímidas
e reservadas sentem necessidade de contato interpessoal.
Princípio da dinamicidade: A
personalidade organiza, integra e harmoniza todas as formas de comportamento e
características do ser humano. Nossa vida é cheia de acontecimentos e a nossa
personalidade tenta organizar isso da melhor maneira possível.
Princípio da individualidade: Cada um
de nós é único no mundo. A personalidade é um conjunto total de características
próprias do indivíduo, as quais o
diferencia das demais pessoas.
Com base nas consultas
bibliográficas, concluímos que a personalidade é a resultante psicofísica da
interação da hereditariedade com o meio, manifestada através do comportamento,
cujas características são peculiares a cada pessoa. E que seja qual for a fase
do desenvolvimento, a personalidade apoia-se na estrutura física do indivíduo,
a qual chama-se constituição. Compreendemos também que a personalidade de um
ser depende de vários fatores, entre os quais são mencionados a constituição,
temperamento e o carácter.
Nenhum comentário:
Postar um comentário